domingo, 12 de setembro de 2010

As lamúrias de uma mulher solitária

Mais uma vez, venho aqui tarde da noite... onde o véu de Nuit me cobre completamente e as dores que atravessam este coração imortal mais uma vez me roubam o sono e o desejo de qualquer coisa que não seja chorar...

Hoje senti meu peito apertado novamente...

Mais uma vez, eu vi nos olhos do senhor do caos, dor e sofrimento, que eu mesma gerei dentro dele... isso quebranta minh'alma a ponto de eu perder meu auto-controle... minhas defesas... e assim as poderosas represas se partem em cascatas de incessáveis lágrimas... e mais uma vez deixo o papiro de lado, em troca desta caixa de letras, onde todos podem ler, mas ninguém o faz... Por mais irônico que seja, é mais seguro do que um desses cadernos que se vendem já decorados e com brochuras metálicas que as adolecentes escondem embaixo de travesseiros e no fundo de suas gavetas, necessitadas de revelar segredos, que deveriam ficar ocultos, dentro das coloridas paginas de seus tais chamados "diarios".

Tal necessidade é uma salvação e uma prova condenável, já que, se mantivesse tantos pensamentos trancafiados dentro de suas mentes logo explodiriam como o poderoso Versúvio sobre os inocêntes cidadãos de Pompéia, que por descaso e azar de seus caminhos se encontraram com o triste fim que se assemelha muito a cruzar o caminho de uma dessas adolecentes explosivas em meio seus rompantes de furia. Ao passo que tais segredos e pensamentos dispersos em folhas de papel, escritos com exultação e mágoa, sem receios ou pudores, possam trazer dor e caos à vida daqueles que os encontram, cujos olhos nunca deveriam conhecer os muitos impropérios descritos ou as lagrimas vertidas dissolutas na tinta que risca sofregamente as paginas e mais páginas, onde o coração verte tudo oque sente.

Mas, mais uma vez estou divagando, eu faço isso sempre... É curioso, como fazemos associações tão rapidamente que nos perdemos tão facil quanto uma criança caçando vagalumes no meio da noite...

Ah, se houvessem vagalumes nestas minhas noites sombrias... Apanharia todos eles para trazer luz sobre esta dor que nos atinge...

Mas a verdade é que nas trevas não há luz, e humanos em vão buscam soluções tateando o escuro, sem primeiro procurar como trazer a luz para suas vidas...

Por muitas vezes vi entre aqueles que chegavam, pelo leito do rio dos mortos, aqueles que traziam os olhos obliquos e marcados de cansaço, pela intensa busca ao longo de suas vidas, e sem saber oque buscavam, não compreendiam oque encontravam, e assim seguiram eternamente buscando, até encontrarem seu caminho de volta ao reino dos mortos...

Mas não muda nada doque aconteceu... Quem dera eu soubesse oque fazer para mudar....

Entretanto o rio segue seu caminho, em larga passagem limpando dores, sorrisos, e quaisquer lembranças do passado, para que possam surgir novamente no mundo dos vivos, e assim, continuarem seu aprendizado atravéz dos séculos.

Infelizmente, aguas magicas, não podem resolver tudo. Existem coisas que só nós mesmos podemos solucionar, e assim reclamar a gloria e a satisfação de ter vencido esta nova fronteira.

Fronteiras existem, de varias formas, cores e tamanhos. Mas só aquele que a enfrenta, pode dizer, oque há do outro lado.

Perséphone Moriat