sábado, 11 de dezembro de 2010

Desejos

Bom dia...

Hoje me senti roubada de um desejo... Pequenos e simples desejos que aos poucos se esvaem, sem que notemos sua partida, até que seja tarde de mais para realizá-los.

Ah!! Como sonho com Gaia... Em poder percorrer seu belos campos, sentindo os ventos e as vozes da liberdade sussurando meus ouvidos. Ah, como era feliz.

De minha juventude, aproveitei pouco. Muito, no pouco tempo que pude explorá-la. Mas agora dentro deste pacto de estações, em algumas situações, me vejo presa quando minh'alma urge por respirar o perfume das flores, e dançar a luz da lua.

Sei de minhas responsabilidades. Minha pequena Selena. Meu Marido. Meus deveres como Senhora do Submundo.

Entretanto, em diminutas ocasiões, quando a luz da lua atravessa toda a extensão dos mares de Posseidon, e tocam a fria pedra de meu reino, eu me lembro saudosa, dos passeios sob o calor do sol... De molhar os pés em rios, cantar com ninfas... E sinto como, se houvesse alguma forma de eu alcançar tal sublime prazer novamente, eu a agarraria com todas as minhas forças...

Um desejo tão pequeno... perto de tudo oque acontece mundo a fora... Mas que para mim, valia metade do meu reino...

Hoje eu vi uma pequena passagem, para correr de volta à Gaia... Fiz oque qualquer mulher faria. Separei uma tunica suave como o balançar das folhas, deixei ordens por todos os lados, para que não houvessem problemas durante minha ausência, ousei sonhar com a revigorante sensação do vento acariciando meu cabelo.

Tudo, para ver a passagem se fechar poucos passos a minha frente.

Admito que ainda sinto o gosto amargo do pesar, preso na minha garganta, e se recusa a sair...

Alguns podem olhar e dizer, que foi por uma causa maior, ou "um bom motivo para você ficar". Mas poucos parecem realmente compreender, que eu preciso destes pequenos desejos... Eles mantêm meus pensamentos claros... Como personificação viva da primavera, eu me sinto definhar, presa entre quatro paredes.

Mas este é o meu destino... Escolhido no dia que toquei aquele Narciso... Agora tudo oque me resta é engolir as lágrimas, e continuar caminhando...

Perséphone Moriat

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Tempo

O Pai do Tempo.

O Pai Tempo.

Pai de todos nós Mortais ou Imortais, ele é a Origem de tudo oque existe...

Mas é curiosa, a relatividade do Tempo.

Hoje é hoje.. o Amanhá em breve será hoje e logo passará a Ontem... Mas Hoje vivemos o Amanhã de Ontem, e assim seguimos sonhando e perseguindo o Amanhã, fugindo de Ontem e muitas vezes... Nos esquecemos de Hoje.

Hoje, me levantei, tirei minha filha do berço e lhe dei café da manha. Assim como fiz ontem, e como farei Amanhã.
Hoje, me dediquei a meus afazeres, assim como fiz ontem, e como farei amanhã.
Hoje, me obriguei a correr contra o tempo, assim como fiz ontem, e como farei amanha.
Hoje, desejei bom dia ao meu marido antes que saísse para trabalhar, assim como fiz ontem, e como farei amanhã.
Hoje, me permitir sentir o tempo passar, escorrendo entre minutos e horas, assim com fiz ontem, e como farei amanhã.
Hoje, me senti saudosa daqueles que ja foram, e daqueles que ainda estão conosco, mesmo que distante. Assim como fiz ontem, e como farei amanhã.

Mas oque eu vivenciei Hoje?

o Hoje que vivemos é um dia marcado por oportunidades. Qualquer um pode parar e pegar o celular, e depois de observar a lista de contatos, ligar para algum amigo querido. Pegar aquele caminho 10 metros mais longo e dar uma paradinha na casa de um conhecido de infancia. Levar quem ama nem que seja para dar uma volta na praça, poder dizer, "o dia está lindo" e "como é bom estar com você"

Porquê o Hoje, passa rápido... E logo se torna mais um ontem que as vezes se esvai, as vezes nos persegue. Nós Imortais, ao contrario dos humanos, acumulamos centenas de "Ontem"s para nos assombrar, e nunca esquecer.

Mas uma coisa a qual humanos se apegam, é a ideia de que "Ainda haverá o Amanhã", e poucos percebem que o seu tão precioso Amanhã começa Hoje. Não é esperar que o Amanhã chegue, e sim lutar para agarrá-lo e torná-lo Hoje.

Hoje, me levantei e dancei e brinquei, cantando com minha filha, vendo seu sorriso brilhar em seu rosto, assim como fiz ontem, e como farei amanhã.

Perséphone Moriat